quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Bonito

É ele o dono do toque que, para minha pele, parece veludo.
E é nos braços dele que me encaixo perfeitamente,
Berço que me nina e me mima e me anima.

É dele a urgência que sinto em amar até que não passem de ficção todos os outros romances.
E é sua a boca que me dá sede e arranca o fôlego,
Encaixe perfeito para a peça avulsa do quebra-cabeça mais complexo.

Dono da alma que me sossega e inquieta ao mesmo tempo,
É ele que tem “um jeito manso que é só seu” para falar de suas convicções mais íntimas.
E me namora, me adora, me apavora…

É a ele que brindo  todo lo que quiero dar”,
Ele que oblíqua, mas não dissimuladamente, vou sempre amar olhar,
Pois foi quem,
Como ninguém,
Soube bem me desvendar.

Paradoxalmente Humano

– Jamais compreenderei.
– Não te cabe, realmente, neste momento.
– É incongruente… paradoxal… impróprio. E ainda assim habitual. Todos fazemos.
– É intervenção do orgulho, acredito. Quase que de maneira instintiva. O amor nos faz dependentes. E o animal não aceita tal destino; quer ser autônomo. E, como animal, agimos.
– Mas animais não amam. Permanece o paradoxo.
– Sim, permanece. Mas é que o homem vai sempre ter algo de divino e de animal ao mesmo tempo. O desafio é apropriar-se. Vê bem: preocupa-te o ímpeto que tens em destratar quem amas, justamente porque amas demais. Procuras o sentido porque não compreendes o que te leva a fazer sentir mal quem mais queres bem. E esse preocupar-se já contém muito do divino que não existe no próprio ato que repudias. E que praticas. Estás a caminho do aprimoramento.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Malogros

Provou o sabor da morte e gostou.
Já eram familiares os gostos amargos.
Caminho dos covardes, pode até ser,
Mas desistir ainda dói menos que decepcionar.


"the best often die by their own hand
just to get away,
and those left behind
can never quite understand
why anybody
would ever want to
get away
from
them"
Cause and Effect - Charles Bukowski