Meu maior medo é ser
esse cisto medíocre no tempo que a maioria de nós parece estar destinada a ser.
A adolescência passou e,
com ela, foram-se também as esperanças de mudar o mundo inteiro. Hoje, já me acostumei
com haver mais errado que o certo que eu sei fazer para consertar e me preocupo
mais com a mudança que sou capaz de fazer em minha própria esfera de toque.
Acho que meu maior
objetivo é plantar, em cada um que já me brindou com sua presença, um pouco de
mim. Que levem, em seu íntimo e para sempre, um sorriso que dei em boa hora,
uma piada que contei, algum posicionamento político característico, a imagem de
uma de minhas mil fotografias com flores no cabelo, um conselho sábio que
disse, ou até um palavrão oportunamente empregado. Mas que me levem.
Só não quero deixar
passar translúcida minha vida através do tempo, que é oportunidade de tantas
cores.
Enquanto puder me
deixar pouco a pouco naqueles que, mesmo por um segundo, me conhecem, como
lembrança fita de quem não tinha muito a ensinar, mas muito a viver junto, com
intensidade, estarei feliz.
Quero
acrescentar, acima de tudo. Fazer-me acrescentar.
“Aqueles que
passam por nós não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um
pouco de nós.”
Antoine de
Saint-Exupéry