quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Amanhã

Olhe, menina, há algumas coisas que eu preciso lhe dizer.
Você ainda está caminhando devagar, anda longe de onde realmente quer chegar. Vai haver muitos desvios e, eu sei, a estrada é traiçoeira.
Mas ouça-me bem: desespero é pedra em que tropeçam os ansiosos.
Então respire… e tome seu tempo. Eu lhe garanto que, daqui da frente, o ângulo das coisas acomoda melhor as vistas e amacia um pouco mais o coração.
Criança que é, ainda vai se irritar muito com as rasteiras que o tempo vai dar em seus planos. Mas aconselho acostumar-se logo com isso, antes que perceba que, passados alguns anos, a coisa desanda ainda mais. E não há nada que se possa fazer.
Não se trata de afagar o comodismo! Rejeitar a desesperança nada tem a ver com cruzar os braços e deitar sobre os trilhos do trem.
É só que todo este espaço de tempo entre nós suaviza a percepção de muita coisa para mim. E é por isso que olhar para trás e enxergar você aí, descabelando-se por nada, preocupando-se com o que hoje me faz sorrir, conforta-me profundamente.
É tempo. Tudo é tempo. E tempo vem.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Nada

Em coração que ninguém mora, não há sentimento que faça barulho.
Então talvez por isso todos eles resolvam gritar ao mesmo tempo.

E, nessa disputa de brados, Autonomia, Independência e Egocentrismo, que moram fora, intrometem-se achando que se bastam, tornando qualquer outro sentimento desnecessário.
E será que vai doer, já que afirma tal desnecessidade?

Vai vendo. No decorrer da vida, nada nunca dói. Ainda que nada se sinta.