Olhe, menina, há algumas coisas que eu preciso lhe dizer.
Você ainda está caminhando devagar, anda longe de onde realmente quer chegar. Vai haver muitos desvios e, eu sei, a estrada é traiçoeira.
Mas ouça-me bem: desespero é pedra em que tropeçam os ansiosos.
Então respire… e tome seu tempo. Eu lhe garanto que, daqui da frente, o ângulo das coisas acomoda melhor as vistas e amacia um pouco mais o coração.
Criança que é, ainda vai se irritar muito com as rasteiras que o tempo vai dar em seus planos. Mas aconselho acostumar-se logo com isso, antes que perceba que, passados alguns anos, a coisa desanda ainda mais. E não há nada que se possa fazer.
Não se trata de afagar o comodismo! Rejeitar a desesperança nada tem a ver com cruzar os braços e deitar sobre os trilhos do trem.
É só que todo este espaço de tempo entre nós suaviza a percepção de muita coisa para mim. E é por isso que olhar para trás e enxergar você aí, descabelando-se por nada, preocupando-se com o que hoje me faz sorrir, conforta-me profundamente.
É tempo. Tudo é tempo. E tempo vem.
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