segunda-feira, 15 de julho de 2019

Fogo

Não havia raio de sol que aquecesse aquele beijo, inda que o amor residindo ali estivesse em sua forma mais pura. Era cristalizado. Muito mais a decisão de um acordo que um incêndio provocado pela fagulha de um cigarro irresponsavelmente esquecido à beira de um palheiro.

Mas entendo o fogo como uma das coisas mais bonitas que conheço da vida. É capaz de engolir tudo ao meu redor, arder-me inteira, expondo a carne viva. Mas ao menos estará viva.

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Abriu o convite como bem sabia fazer: sutil e certeira. Era especialista em se fazer entender tão claro quanto fosse preciso, sem contudo precisar recitar letra por letra. Tão leve quanto a pronúncia espanhola: a língua quase não toca o céu da boca. O peso de uma pluma, a mensagem tão inquieta quanto uma labareda.

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